Movimentos conquistam desapropriação da Casa da Morte, em Petrópolis (RJ)

Casa da Morte, antigo centro clandestino de torturas da Ditadura Militar Fascista será desapropriado e se tornará centro de memória.

Christian Nunes | Petrópolis – RJ


MEMÓRIA – No dia 9 de agosto de 2024, foi anunciada a encampação da Casa da Morte pelo governo federal em convênio com a prefeitura de Petrópolis. Essa é uma importante vitória da luta pela memória, verdade, justiça e reparação. Foram 40 anos de lutas de movimentos sociais, organizações políticas e familiares das vítimas da Ditadura Militar Fascista (1964-1985)

Foi durante este regime que Inês Etienne Romeu foi capturada por lutar contra o regime militar e por uma sociedade mais justa. Foi barbaramente torturada e estuprada. Inês Etienne escapou com vida do cárcere e conseguiu denunciar a Casa da Morte, local onde fora torturada, contribuindo enormemente para a luta por memória verdade e justiça.

A Casa da Morte está localizada no bairro Caxambú, em Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro. Além de Inês Etienne, dezenas militantes políticos, lutadores contra a ditadura, foram torturados na mesma casa. No local também ocorriam execuções sumárias daqueles que lutava por um Brasil sem exploração. 

A casa da morte era propriedade de Mario Lodders, filho do espião nazista Ricardo Lodders. Mario cedeu a casa para que funcionasse como centro de torturas da Ditadura.

Depois de anos de lutas, realizadas por movimentos sociais, partidos, dentre eles, a Unidade Popular e a União da Juventude Rebelião, o Centro Alceu Amoroso Lima, Centro de de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), Grupo Pró Memorial Casa da Morte e parlamentares de esquerda, a encampação foi finalmente conquistada. Nessa luta se destacaram especialmente os familiares e amigos das vítimas da Ditadura Militar Fascista, além da própria Inês Etienne, que faleceu em 2015, mas nunca deixou de defender a criação do centro de memória no local.

A proposta é que se torne um centro memorial, para visitação e pesquisa contínua sobre a ditadura militar. A maioria do povo da cidade de Petrópolis não conhece esta casa e sua história, portanto, se torna fundamental a existência deste memorial.

A Ditadura Militar de 64, foi um governo fascista que durante 21 anos aumentou a desigualdade social, jogou o povo na pobreza, perseguiu lideranças estudantis, sindicais e de camponeses e reprimiu, torturou e matou opositores ao regime. O regime foi apoiado pela burguesia brasileira e pelo governo dos Estados Unidos. 

A direita fascista faz de tudo para esconder este legado de tortura e morte, mas os comunistas, movimentos sociais e progressistas, com a força da luta, atingem uma importante vitória que contribuirá decididamente na luta contra o fascismo em Petrópolis e no Brasil, conscientizando as pessoas e denunciando os crimes do fascismo e da ditadura militar.

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