O descompasso de Roberto Naves na reta final do mandato em Anápolis

Na reta final de seu mandato, o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (Republicanos), se vê em meio a um impasse com a Câmara Municipal, onde a votação de um projeto de suplementação orçamentária gerou um verdadeiro duelo político.

O projeto inicial, que buscava aumentar o índice de suplementação de 38% para 50%, foi rejeitado pelos vereadores na semana passada. O texto não obteve os 12 votos necessários para aprovação e, desde então, o projeto passou por modificações. No entanto, ainda não foi possível alcançar um consenso entre o Executivo e o Legislativo.

Resistência ao projeto

O novo projeto de Naves busca manter o índice de suplementação em 38%, mas enfrenta resistências devido à falta de detalhes no texto. Parlamentares criticam a ausência de informações claras sobre de onde seriam retirados os recursos e para onde seriam alocados.

O projeto aprovado pelo Legislativo originalmente permitia o uso livre dos recursos para várias áreas, mas a versão modificada exclui despesas com pessoal, cumprimento de sentenças judiciais e aportes em fundos de educação, saúde, previdência e integração social.

Para os vereadores, é imprescindível garantir que o dinheiro seja destinado apenas aos serviços essenciais, como os salários dos servidores públicos, e que o projeto tenha uma maior transparência.

Defesa de Naves

O prefeito, por sua vez, tem defendido que a suplementação é fundamental para honrar os compromissos com os servidores e garantir o funcionamento dos serviços essenciais. “O município tem dinheiro em caixa, mas não posso pagar sem a autorização da Câmara”, afirmou Naves, em tom de cobrança.

Ele também acusou setores políticos de tentarem causar instabilidade nas contas municipais para prejudicar sua gestão, criando um cenário de caos à véspera da mudança de comando na cidade.

Naves afirmou que, sem a suplementação, os servidores poderiam ficar sem receber e serviços como o SAMU e a Santa Casa poderiam ser prejudicados.

O prefeito também criticou os vereadores por rejeitarem o projeto, alegando que a aprovação do orçamento é indispensável para manter as finanças municipais em ordem. “Estamos trabalhando para aumentar a arrecadação da cidade, mas dependemos dessa autorização para garantir o pagamento”, explicou.

Críticas e urgência

Todavia, a resistência à aprovação do projeto vem não só da falta de detalhes, mas também da percepção de que o pedido do prefeito pode ser um “cheque em branco”. Parlamentares afirmam que o projeto não especifica qual dotação será suplementada, em qual área, ou de onde virão os recursos.

O debate sobre a falta de transparência e a urgência da solicitação tem gerado desconforto no Legislativo, onde alguns vereadores veem no projeto uma tentativa de driblar o processo fiscalizador da Câmara.

Esse descompasso entre o Executivo e o Legislativo se intensificou após a proposta ser rejeitada. O presidente da Câmara de Anápolis, Domingos Paula (PDT), confirmou que a sessão extraordinária, que deveria votar o projeto nesta quarta-feira (11), foi interrompida por uma queda de energia.

O presidente ainda não anunciou a data para uma nova reunião, mas a expectativa da relatora da matéria, a vereadora Andreia Rezende (Avante), é que a votação aconteça ainda esta semana.

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