Ultraprocessados prejudicam combate do corpo ao câncer

Um novo estudo sugere que a alimentação pode estar impactando a habilidade do corpo de combater células cancerígenas no cólon. O principal fator identificado é o excesso de ácidos graxos ômega-6, que podem estar presentes em alimentos ultraprocessados. Esses ácidos graxos podem interferir nas propriedades anti-inflamatórias e antitumorais do ômega-3, outro ácido graxo essencial.

Especialistas afirmam que uma dieta ocidental, rica em ácidos graxos ômega-6 devido ao uso de óleos de sementes para fritar alimentos e processá-los, é um dos principais motivos para o desequilíbrio entre os ácidos graxos no organismo. Isso ocorre porque a ingestão de alimentos ultraprocessados, que representam cerca de 70% da alimentação nos Estados Unidos, tem aumentado significativamente.

Pesquisas revelam que muitas pessoas têm uma relação desproporcional entre os níveis de ômega-6 e ômega-3 no corpo. Um estudo de 2015 mostrou que o nível de ácido linoleico, um tipo de ômega-6, aumentou 136% no tecido adiposo dos norte-americanos nos últimos 50 anos.

Entretanto, é prematuro afirmar que os ácidos graxos ômega-6 dos alimentos ultraprocessados são a única causa do problema. A deficiência de ômega-3, proveniente principalmente de peixes gordurosos como cavala, arenque e sardinha, também é uma questão importante, uma vez que muitas pessoas evitam esse tipo de alimento.

Tanto os ômega-3 quanto os ômega-6 são essenciais para o bom funcionamento do corpo, já que o organismo não consegue produzi-los por conta própria. Ambos desempenham funções cruciais, como a manutenção das células, a oferta de energia e a regulação da defesa imunológica. Quando em níveis ideais, o ômega-3 ajuda a reduzir a inflamação, mas em excesso pode causar problemas.

Embora o câncer colorretal fosse tradicionalmente uma doença associada a pessoas mais velhas, o número de casos está crescendo entre pessoas abaixo de 50 anos, com diagnósticos sendo feitos cada vez mais cedo, incluindo em pessoas com apenas 20 anos.

A pesquisa mostra que, para os millennials, o risco de câncer colorretal é duas vezes maior em comparação com os nascidos na década de 1950. Para os homens mais jovens, esse tipo de câncer é o mais letal, enquanto nas mulheres jovens ocupa a terceira posição, atrás de câncer de mama e de pulmão. 

Há uma crescente evidência que sugere que a alimentação rica em alimentos ultraprocessados, carnes vermelhas e processadas, e a falta de frutas e vegetais frescos estão diretamente relacionadas ao aumento do câncer colorretal de início precoce.

O objetivo do estudo era identificar os mediadores pró-resolução, como resolvinas e protectinas, que são produzidos pelo corpo a partir dos ácidos graxos ômega-3 e ajudam a resolver a inflamação.

Esses mediadores possuem potentes efeitos anti-inflamatórios e ajudam os tecidos a se recuperarem quando a resposta inflamatória já não é mais necessária. Sem uma quantidade suficiente de ômega-3 para controlar essa reação inflamatória, a inflamação continua a se intensificar, danificando ainda mais o DNA celular e criando um ambiente favorável ao crescimento de tumores.

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