Por que produtividade não tem relação com a quantidade de trabalho realizado – 23/03/2025 – Carreiras


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Qual a primeira coisa que vem à mente quando você pensa em “produtividade”? Provavelmente, a ideia de entregar muitas tarefas sem gastar muita energia.

Na edição de hoje, explico o que realmente significa ser um profissional produtivo e como trabalhar dentro seu limite.

Primeiro, vamos entender a origem do termo. Ele foi amplamente empregado durante a Revolução Industrial para descrever as atividades dos operários, explica Thais Requito, consultora de produtividade responsável.

↳ “Tem um profissional trabalhando x horas numa fábrica e ele produziu x produtos, então ele foi produtivo. A média vai ser a relação entre esses dois fatores” exemplifica.

Mas o significado mudou. Então, o que significa ser produtivo na atualidade?

Podemos entender como a capacidade de entregar resultados dentro de um prazo estabelecido, diz Saulo Velasco, psicólogo e diretor de aprendizagem da The School of Life.

Mas há um toque extra: profissionais com essa habilidade conseguem fazer mais com o tempo disponível para o trabalho sem se desgastar.

Importante: produtividade não é sinônimo de estar ativo o tempo todo, ou de trabalhar em excesso. “Não é necessariamente a pessoa que trabalha mais horas, que está mais ocupada ou que responde mais emails” pontua Requito.

Em resumo, uma pessoa produtiva é aquela que exerce bem seu trabalho, dentro do período esperado sem exceder seus limites

A tecnologia também é um fator importante a ser considerado quando pensamos em produtividade hoje:

Com a quantidade de ferramentas digitais disponíveis, a performance dos trabalhadores ficou mais acelerada, já que é possível terceirizar algumas tarefas para os computadores.

Por outro lado, os meios digitais trazem alguns “inimigos da produtividade”, segundo Requito.

Há um excesso de informações oferecidas pela internet, que dificulta a concentração e atenção. Isso, inclusive, pode levar ao “multitasking”, tentativa de desempenhar mais de uma atividade ao mesmo tempo.

“Quando estamos nesse modo multitarefas —respondendo email, falando no telefone e participando de uma reunião— posso ter a sensação de que estou sendo mais produtivo, porque estou fazendo três coisas ao mesmo tempo” aponta Requito.

Porém, o problema dessa prática é que, no fim, nenhuma atividade é feita com qualidade e com a devida atenção.

  • Esse assunto te parece familiar? Já falei sobre “multitasking” em outra edição. Relembre aqui.

Existem sinais que mostram que você pode estar sobrecarregado no trabalho. Eles são divididos em três categorias —físicos, emocionais ou cognitivos. Entenda:

Físicos

Se manifestam por meio de incômodos no corpo. “Especialmente dor de cabeça, dor muscular na lombar, alterações gastrointestinais, de sono, de apetite, fadiga, cansaço e uma sensação de esgotamento”, exemplifica Velasco.

Emocionais

Há uma mudança no humor e até na personalidade do indivíduo. Sentir mais irritabilidade, menos tolerância às dificuldades, ansiedade e até uma desmotivação crônica são alguns dos sinais, segundo o psicólogo.

Cognitivos

Essas são as alterações mais rápidas de serem percebidas. Há uma maior dificuldade de concentração, atenção, engajamento e concentração, além de problemas de memória, pensamentos acelerados e negativos.

Por isso, é importante saber identificar seu limite para não excedê-lo.

E como fazer isso? A chave está no desenvolvimento de uma autoconsciência. É preciso se conhecer para entender quais são suas necessidades, quais recursos podem ser solicitados e para quem é possível pedir ajuda.

↳ Também é importante ter momentos de relaxamento e descompressão depois do trabalho. Eles ajudam o profissional a desacelerar e ficar menos atribulado.

É possível, então, ser produtivo sem exceder seus limites? Segundo os especialistas, sim.

O autor inglês Greg McKeown publicou um artigo afirmando que, para melhorar a produtividade e entregar os melhores resultados, é preciso mudar nossa mentalidade.

Como assim? Ele defende que esforço máximo não é sinônimo de resultado. “Quando estamos operando sobre um alto nível de estresse, no máximo de esforço e sem descanso, nossa produtividade cai”, diz Velasco.

Por isso, não é indicado performar além do que seu corpo aguenta, e é preciso encaixar no dia a dia momentos para melhorar a produtividade. Vamos às dicas de como fazer isso.

Entenda suas prioridades. Estabeleça algumas tarefas que devem ser realizadas. Quanto mais demandas você tiver, menos tempo você consegue se dedicar a cada uma delas.

Por isso, é importante estabelecer o que é mais ou menos urgente, e focar no que for prioridade.

Trabalhe em blocos de tempo. Estabeleça alguns minutos do seu dia (podem ser 10, 20 ou 30) para realizar uma demanda de maneira focada.

Depois, faça pequenas pausas entre as tarefas para descansar a mente e restabelecer o foco.

Mantenha hábitos saudáveis. Profissionais que conseguem dormir bem, manter uma boa alimentação, fazer exercícios físicos e manter uma vida social conseguem relaxar e produzir mais.

↳ A falta de sono, inclusive, é um grande inimigo da produtividade. “As pessoas produzem muito menos, e com menos qualidade, quando não estão dormindo bem” exemplifica Requito.


Conselhos de CEO

Profissionais em cargos executivos dão dicas para quem está em início de carreira

Sobre ela: Carolina Ignarra é CEO e sócia fundadora do Grupo Talento, que presta consultoria para empresas no trabalho de inclusão de pessoas com deficiência. Foi uma das mulheres convidadas para NGO CSW Forum, organizado pela Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2024.

Meu primeiro emprego… Foi em em um shopping como vendedora, antes de ingressas na universidade. Depois, com formação em Educação Física, comecei minha carreira profissional dando aulas de ginástica laboral nas empresas, antes de me tornar uma pessoa com deficiência, após um acidente de moto, em que fiquei paraplégica e passei a ser cadeirante, aos 22 anos de idade.

O que eu faria diferente… Sou uma pessoa que não se arrepende do que fez e sim do que não fez. Então, minha resposta vai para esse lado, acredito que eu poderia ter feito cursos de administração de negócios antes, pois agora, aos 46 e após 16 anos empreendendo, sinto falta de conhecimentos que eu poderia ter adquirido antes.

Um erro do qual não esqueço… Por muito tempo achava que para crescer na carreira, as pessoas que trabalhavam comigo precisavam trabalhar como eu. Eu acreditava que estava dando certo pra mim e que a minha forma de trabalhar era a fórmula do sucesso. (Aff! Quanta pretensão!) Quanto mais eu fui aprendendo sobre o valor da diversidade, mais fui percebendo que estava equivocada. Esse erro me fez sofrer demais, o meu jeito fazia muito mal pra mim, estava sempre insatisfeita e esperando das pessoas o que elas não podiam e não precisavam me dar.

Uma habilidade essencial… Entendo que cresci mesmo quando desenvolvi a habilidade de cuidar das relações interpessoais, aprendi a falar e principalmente a ouvir. E foi como um passe de mágica, crescer com apoio das pessoas que interajo e com a humildade de precisar dos outros, é mais simples, rápido e satisfatório.

Um conselho para jovens profissionais… Como CEO de uma empresa que atua para ajudar a aumentar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, meu principal conselho é: crie equipes de pessoas diversas. A diversidade é um impulso para a inovação e é um tema cada vez mais estratégico no ambiente corporativo. Entenda que inclusão não significa apenas contratação de pessoas com deficiência ou pessoas diversas. É preciso criar condições para que pessoas que passaram por representantes de grupos marginalizados e oprimidos possam desenvolver suas carreiras e alcançar cargos de liderança.



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