Caiado acelera articulação para 2026 e busca desmontar base de Wilder no PL

Bruno Goulart

O governador Ronaldo Caiado (UB) está executando uma estratégia cuidadosamente planejada para as eleições de 2026 em Goiás, com dois objetivos principais: fortalecer seu vice Daniel Vilela (MDB) como candidato natural à sucessão no Palácio das Esmeraldas e, ao mesmo tempo, esvaziar politicamente o senador Wilder Morais (PL), que também aspira ao cargo. A estratégia do governador passa por um ataque direto à base de apoio de Wilder, com uma operação política focada em cooptar prefeitos do PL – terceiro maior partido em número de prefeituras. Atualmente, a legenda comanda 26 municípios, atrás do União Brasil, que lidera com 94 prefeituras, e do MDB, que detém 27. Somadas, as siglas governistas controlariam 147 das 246 prefeituras goianas.

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Nos últimos meses, a equipe de Caiado já conseguiu o alinhamento de seis prefeitos do PL que estão em processo de migração para a base governista: Simone Ribeiro (Formosa), Jacó Rotta (Cabeceiras), Dr. Luís Otávio (Cristalina), Wivviane Duarte (Gameleira de Goiás), Dr. Vitor (Santa Fé de Goiás) e Tiagão (Pilar de Goiás). O caso mais recente dessa estratégia ocorreu em Anápolis, onde Caiado decretou a exoneração de todos os cargos vinculados ao vereador Domingos Paula (PDT), aliado de primeira linha do ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos), apenas 24 horas após se reunir com o atual prefeito Márcio Corrêa (PL). Esse movimento foi claramente interpretado como um sinal de apoio ao gestor municipal, mas fontes próximas ao prefeito disseram ao O HOJE que não há planos de Corrêa migrar de partido.

Desidratação

Enquanto Caiado avança em sua estratégia, Wilder Morais enfrenta uma grave crise dentro de seu próprio partido. A situação se agravou significativamente após o vereador por Goiânia Vitor Hugo (PL) intermediar um encontro entre Daniel Vilela e Jair Bolsonaro no final de 2024, sem consultar a cúpula partidária. A reação do PL goiano foi imediata e dura, com uma nota oficial que classificou a ação como motivada por “interesses pessoais” e que chegou a ameaçar com expulsão. Esse episódio escancarou a divisão interna do partido e colocou Wilder em rota de colisão direta com a ala bolsonarista.

Para piorar, em janeiro, o próprio Bolsonaro deu um recado público ao senador, deixando claro que as candidaturas em 2026 seriam decididas pela cúpula nacional do PL, e não pelos dirigentes estaduais. Essa declaração foi um golpe direto nas ambições de Wilder Morais. Paralelamente, a disputa pela indicação ao Senado aprofunda as divisões no PL, com Wilder apoiando o deputado federal Gustavo Gayer, enquanto Bolsonaro manifesta preferência por Vitor Hugo, ex-líder do governo na Câmara e vereador mais votado de Goiânia.

Estratégia

A estratégia de Caiado tem sido clara e se baseia em dois pilares principais: isolar Wilder politicamente e posicionar Vilela como herdeiro natural do governo. Enquanto isso, o senador vê seu projeto para 2026 se tornar cada vez mais distante. E o movimento ocorre em um contexto de articulação política mais ampla. Caiado lançará sua pré-campanha no próximo 4 de abril, em Salvador, e o apoio dos prefeitos goianos, especialmente do PL, será vital para sua campanha pelo interior. O que fica claro é que a guerra pela sucessão em Goiás já começou, e neste primeiro momento, Caiado está saindo na frente, com um cenário que parece cada vez menos favorável às ambições de Wilder Morais.

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