Um relacionamento tóxico pode causar danos emocionais profundos e, muitas vezes, se iniciam de forma minuciosa. Ao contrário do que muitos pensam, não é somente em relações amorosas e conjugais, mas sim, podem estar presentes em laços familiares, amizades e até mesmo no ambiente de trabalho.
Segundo a terapeuta Daniely Britto, o principal sinal de alerta é quando a relação começa atingir a autoestima, gerar culpa constante ou exigir que a pessoa anule suas vontades para atender às expectativas do outro. “Sempre que alguém precisa diminuir quem é para manter uma relação, algo está errado. A toxicidade pode vir disfarçada de cuidado, preocupação ou até amor, mas tem efeitos destrutivos”, afirma.
Entre os comportamentos mais comuns em relações tóxicas estão o controle excessivo, a manipulação emocional, o isolamento social, críticas frequentes e o desequilíbrio entre dar e receber. “É comum a pessoa sentir que está sempre em dívida emocional, tentando agradar o outro para evitar conflitos. Isso gera desgaste mental e sensação de aprisionamento”, explica Daniely.
Como identificar um relacionamento tóxico:
• Controle excessivo: sobre escolhas, rotinas e até amizades;
• Isolamento social: com afastamento de amigos e familiares incentivado ou imposto pelo outro;
• Críticas constantes: desvalorização, que afetam a autoestima;
• Ciúmes exagerado: é frequentemente disfarçado de cuidado;
• Chantagens emocionais: manipulação de sentimentos para conseguir o que quer;
• Sensação de culpa recorrente: mesmo quando a pessoa não fez nada de errado;
• Medo de desagradar: levando ao silêncio ou à autocensura para evitar conflitos.
Identificar esses padrões é o primeiro passo para romper o ciclo, a terapeuta reforça que o processo pode ser difícil, especialmente quando existe vínculo afetivo, mas que é possível reconstruir a autoestima e estabelecer novos limites.
Buscar ajuda profissional, conversar com pessoas de confiança e fortalecer a rede de apoio são medidas essenciais para sair desse tipo de relação. “Reconhecer o problema é um ato de coragem, e escolher a si mesma é o primeiro passo para recomeçar”, finaliza Daniely.
Dados importantes
Dados do Disque 100, canal do governo federal voltado a denúncias de violações de direitos humanos, mostram que, só em 2024, foram registradas mais de 657 mil denúncias — um aumento de 22,6% em relação ao ano anterior. Muitas dessas denúncias envolvem situações de violência psicológica, emocional e abusos dentro de relacionamentos afetivos e familiares.
Além disso, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que o Brasil registrou 1.467 casos de feminicídio no mesmo ano, o maior número desde a promulgação da lei que tipifica esse crime. A maioria das vítimas eram mulheres negras, entre 18 e 44 anos, mortas dentro de casa — o que evidencia como relacionamentos abusivos podem escalar para formas extremas de violência.
Reconhecer os sinais de um relacionamento tóxico e buscar apoio é fundamental não apenas para o bem-estar emocional, mas também para a segurança e integridade física da pessoa envolvida.
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